30/08/16

Crescimento do Brasil será restrito, avalia cientista político

Carlos Melo falou, em palestra no Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região, sobre Brasil hoje e o que esperar para os próximos 24 meses. Quem espera um Brasil muito diferente do que temos atualmente após o impeachment, deve rever suas expectativas.

Para Carlos Melo, um dos principais cientistas políticos do país, o provável cenário para o restante de 2016 e para o ano de 2017 é um governo pouco efetivo, que não vai aglutinar a base; vai procrastinar reformar necessárias, realizando algumas parciais; com investimentos cautelosos e crescimento restrito.

“Passada a interinidade, as pressões aumentarão para o governo. Como as crises serão as mesmas, a tendência é de um governo mediano”, disse Carlos Melo para uma plateia de empresários e representantes de entidades, que lotaram o auditório do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região (Sindha).

Essa projeção não significa, no entanto, que não poderá mudar para melhor, já que, geralmente, são as crises que fazem nascerem grandes mudanças. “Procuro sempre dar um quadro realista daquilo que enxergo, sem partidarização. Isso não significa que não possa mudar. Neste caso, vai ser bom estar errado”.

Carlos Melo acredita que o pior do bom momento que vivemos nos últimos anos foi ter escondido problemas sérios, fazendo as lideranças se acomodarem. “Precisávamos dar um salto e o governo não conseguiu. Perdemos uma oportunidade única”.

O modelo econômico se esgotou, veio a crise econômica, política, as denúncias da Lava Jato, manifestações das ruas e diversos outros enfrentamentos que acabaram gerando o ambiente para a situação atual. Soma-se a isso, a grave crise da falta de lideranças políticas, como Lula e Fernando Henrique Cardoso.

O desafio agora é superar pautas que não são populares, mas inevitáveis. Será preciso coragem, comunicação e liderança para fazer as reformas trabalhista, tributarista, fiscal e política. Para ele, a sociedade precisa ter consciência de que será preciso perder agora para ganhar lá na frente. “Mas quem fará a grande reforma?”, questionou Melo sobre essa ausência de liderança com legitimidade de promover a mudança que o país precisa.

É neste sentido que a eleição de 2018 é uma incógnita. Ele acha difícil que Lula se candidate pelo passivo político. No PSDB, não há uma definição clara e Michel Temer só ganhará legitimidade se fizer um governo de superação. “Estamos no labirinto sem visualizar a saída”.


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