17/10/12

Artigo Ocupação Hoteleira recua mais de 25% na Capital

Prezado Colega Hoteleiro:

A enorme queda de 25,74% na ocupação de Setembro/12 em relação a Setembro/11, seguramente deixa a todos nós muito apreensivos.

Sem dúvida temos que levar em conta a base para comparação, Setembro/11 foi a ocupação mais alta do ano passado com a realização de grandes eventos, neste ano além dos feriados, tivemos a incidência de cinco finais de semana dentro do mês, mas estes fatos além de deixar patente a importância crucial dos eventos, não explicam por si só todo o tamanho desta queda.

Além disso, a ocupação média de 2012, (jan a set), esta em 58,22%, contra os 60,70% de igual período do ano passado, portanto ao contrário da economia do país que cresce pouco, mas cresce algo em torno de 1,5% neste ano, nossa ocupação já decresceu 4,08%.

O mais preocupante é que se compararmos somente os últimos seis meses, (Abr a Set) já cravamos um decréscimo de 6,12%, ficando clara a aceleração do ritmo da queda da ocupação, mesmo quando ingressamos no segundo semestre aonde historicamente a ocupação hoteleira é maior em Porto Alegre.

Ao nos perguntarmos sobre as causas de que decorre este mau desempenho, a ninguém escapa a realidade da constante abertura de novos estabelecimentos. Mas a ausência de uma política pública voltada para o desenvolvimento da Indústria do Turismo é, em nossa opinião, o principal fator determinante dos altos e baixos que nossas atividades vêm experimentando nas últimas décadas.

A Capital sofre prejuízos em sua atração de renda externa e no desenvolvimento de sua hotelaria, restaurantes e inúmeros outros fatores desta grande e complexa Indústria, que se dá através de solavancos, tipo “stop and go”, que ficam mais claros na hotelaria, como descrevemos abaixo:

1.    Uma grande quantidade de novos estabelecimentos abertos quase simultaneamente, provoca um longo período de “super oferta” e “baixo preço”;

2.    A cidade recebe menos dinheiro dos turistas com relação às hospedagens;

3.    Novos hotéis então não são abertos ao longo deste período e melhorias nos existentes são quase nulas;

4.    Após alguns anos ao emergir do período de crise, o mercado investidor percebe não terem sido construídos novos hotéis nos últimos anos;

5.    Novos hotéis são abertos em quantidades desproporcionalmente maiores à capacidade do mercado.

6.    Nova crise com baixa ocupação e rentabilidade se instala.

7.    A Indústria do Turismo, que trás recursos para inúmeros setores da economia da cidade, não desenvolve seu enorme potencial crescendo apenas vegetativamente.

Se nada mudar e com urgência, a hotelaria já pode ir vislumbrando novo período de baixas ocupações e rentabilidade, tal como o iniciado em 2000/2001 do qual somente emergiu recentemente a partir de 2008.

A Copa do Mundo se aproxima gerando expectativas que só confirmar-se-ão, se em paralelo ao evento nossa cidade se aparelhar para colher desta forte, mas curta exposição, os dividendos para os próximos anos.

Desenvolver o Turismo é sem dúvida senão a melhor, uma das melhores alternativas para desenvolver nossa capital.

Ainda em 2007, com nossos recursos, concluímos a elaboração do Planejamento Estratégico para o Turismo de Porto Alegre, que foi elaborado com participação ampla da sociedade e tendo assento em seu Conselho Gestor a própria Prefeitura Municipal através da então embrionária Secretaria Municipal do Turismo.

Ali está o caminho, aonde queremos chegar e as principais ações necessárias para tal, desde então apesar de reconhecermos alguns avanços e preocupações do Executivo Municipal com o Turismo, as duas questões realmente estratégicas não foram enfrentadas.

São peças chaves para o êxito do projeto, primeiramente termos uma organização público-privada para desenvolver sistematicamente ações de marketing, visando promover o destino Porto Alegre. E em segundo lugar, um grande Centro de Eventos de Classe Mundial, para este último, apesar de serem necessários recursos de monta, o município já poderia desenvolver estudos e definir local para sua implantação, é um primeiro passo fundamental.

A iniciativa privada mantém quase que exclusivamente com seus recursos, o Convention & Visitors Bureau que tem como objetivo principal atrair eventos para Porto Alegre, com um orçamento anual que mal ultrapassa um milhão de reais.

Ora não se promove e se capta eventos para uma Capital como Porto Alegre com recursos tão limitados, muito menos é possível esperar que um setor composto por pequenas e micro empresas o possa sem uma participação e articulação decidida do setor público.

Esta é nossa opinião.

Atenciosamente,

Daniel Luiz Antoniolli
Presidente
Sindicato de Hotéis de Porto Alegre


Sindicato de Hospedagem e Alimentação de POA e Região
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Fone: +55 (51) 3225-3300