Negociação do piso regional é política e não técnica
Categoria que emprega 200 mil gaúchos está fora das discussões
Excluído pelo Governo do Estado das negociações referentes ao reajuste do piso salarial, o setor de hotéis, bares e restaurantes do Rio Grande do Sul, através do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre (SINDPOA), enviou correspondência a todos os deputados estaduais alertando sobre as repercussões negativas do projeto enviado a Assembléia.
Pelos cálculos do setor, o piso regional, desde que foi criado em 2001, teve aumentado gradualmente o seu valor real em 25,35% acima da inflação, sendo este aumento 8,45 pontos percentuais acima do crescimento do PIB do Estado, no período que foi de 16,9%. “O aumento dos salários é sempre desejável, porém deve acontecer dentro de um quadro econômico sustentável e com crescimento econômico o que não vêm ocorrendo. Como proposto, só será gerada mais inflação”, argumenta o presidente do Sindicato, Daniel Antoniolli.
Para o empresário, as centrais sindicais de trabalhadores, de forma astuta, utilizam-se da comparação com o Salário Mínimo Nacional, que é uma medição que não faz sentido, pois o mesmo não é parâmetro para medir inflação.
- Se fosse para fazer comparações esdrúxulas poderia ser utilizado o dólar como parâmetro para o crescimento do piso. Pela moeda americana o piso regional em 2001 seria de U$ 104,54 e hoje, pela proposta do governo, irá valer U$ U$291,28, ou seja, quase triplicaria o seu valor real – afirma Antoniolli.
Na correspondência aos deputados, o Sindicato alerta para o fator inflacionário do reajuste pretendido. Para os empresários, os aumentos indiscriminados do piso que levam em conta apenas os aspectos políticos e não técnicos, irão gerar forte impulso inflacionário e reforçar a atual tendência de aumentos dos preços vigentes, principalmente num setor sensível como o da alimentação, que irá anular os ganhos salariais obtidos.
Em relação a alegação do Governo do Estado de que o diálogo está sendo feito com o setor empresarial através das Federações, Daniel Antoniolli afirmou que essa categoria não está abrigada legalmente em nenhuma das entidades gaúchas e sim a Federação Nacional dos Hotéis, Bares e Restaurantes, com sede no Rio de Janeiro e que, mesmo sendo presidida por um gaúcho, igualmente não foi convidada. Diferentemente do ocorrido em anos anteriores onde tanto o Sindicato como a Federação apresentou seus argumentos.
- O setor que representamos, desenvolve suas atividades com o emprego massivo de mão de obra, tendo na folha de pagamento com seus pesados encargos, disparadamente seu maior e principal custo. São mais de vinte mil empresas no Estado, 95% pequenas e médias, que empregam mais de 200.000 pessoas. No ano passado, por delegação de toda a categoria, negociamos com o governo. Hoje a Casa Civil não quer ouvir os nossos argumentos. Talvez seja porque o critério político está acima do técnico - completou Antoniolli.