Enfim, chegou o dia de me aposentar

É chegado o momento de se aposentar. O trabalhador pega sua carteira de trabalho, carnês e outros documentos que acha conveniente e se dirige à agência mais próxima do INSS. Chegando à agência, é atendido pelo servidor que recebe os documentos, analisa seu histórico de vínculos empregatícios e contribuições e começa a digitar uma série de informações. O tempo vai passando, o silêncio toma conta do ambiente e o trabalhador a cada momento fica mais angustiado. Pergunta-se: o que este homem olha tanto para este computador? Tem algo errado? Neste momento de espera, passa o filme de sua vida na sua cabeça. 

Passaram-se 35 anos desde o seu primeiro emprego. Sim, lembrou dos tempos difíceis de agricultura, em que de manhã trabalhava com os seus pais na plantação e a tarde ia ao colégio. Recorda da sua saída aos 18 anos para ir à cidade, servir o Exército. Quanto orgulho. Após um ano e meio servindo a pátria, finalmente conseguiu seu primeiro emprego no escritório do Seu João, conhecido corretor de seguros em sua cidade. Como era bom o tempo de auxiliar administrativo. Logo em seguida, consegue fazer sua primeira venda de seguro, e foi de um carro, lembra até o dia: 10 de maio de 1983! E o carro, sim, era por coincidência o dos meus sonhos, um Opala 1982. Anos se passaram até ser chamado pelo seu João. Lembra que foi nervoso até a tua sala, a tão esperada proposta de sociedade chegou. Finalmente, depois de anos árduos de trabalho, ele seria dono do seu próprio negócio. Tudo ali, documentado, em frente ao servidor. Então pensou: basta somar, eu já tenho 35 anos!!

O silêncio foi cortado pelo servidor: Parabéns, sua aposentadoria foi concedida!! Ah, muito obrigado, respondeu o trabalhador, ora aposentado. Mas, por curiosidade, quanto ficou a minha aposentadoria? Pergunta ele ansioso. R$ 965,00, responde o servidor. O quê? R$ 965,00? Tu só podes estar enganado. Os últimos três anos eu paguei contribuição sobre o teto, como ficou tão baixo? Imagine, trabalhei 35 anos, comecei desde guri, com 12 anos na agricultura, servi o meu país e depois trabalhei mais 28 anos como corretor. Só pode ser um engano!!! Braveja o indignado trabalhador.

 O servidor, já sem paciência, mas mantendo a calma e educação, tenta explicar: Bom, realmente o senhor teve excelentes contribuições nos últimos anos, mas e antes? O senhor contribuía pelo salário mínimo. O senhor não sabia que a aposentadoria é a media de 80% das maiores contribuições de julho de 1994 até agora? Ah, não? Pois é!! O senhor também não sabia que depois da média tem o tal do fator previdenciário que lhe seria aplicado e diminuiria o valor do seu benefício? Ah, também não? O senhor teve no mínimo 15 anos  para planejar a sua aposentadoria e não fez. Ah, e mais, disse o servidor, e se o senhor tivesse falecido, sabia que sua esposa e sua filha receberiam de pensão este valor? Pois é, vai querer ficar com o valor ou desistir? Ao desolado trabalhador, não lhe restou outra alternativa senão aceitar o valor e sair da Agência com vontade de chorar.

Este fato se repete todos os dias, o que altera, é a profissão do “novo” aposentado. Passam por este desagradado momento, advogados, representantes comerciais, enfim, profissionais liberais e empresários, todos aqueles que pagam seu carnê ou recebem pró-labore. Ocorre que toda esta situação pode sim ser modificada, desde que anos antes de se aposentar haja planejamento, que o profissional se programe e direcione suas contribuições.

Aumentar o valor do pró-labore resolve? Nem sempre, muitas vezes, a solução é diminuir. É incrível, não é? Mas isto acontece. E quanto às falhas de contribuição? Sim, aquele período que tivemos dificuldade e não contribuímos? Aí vem o dilema: devo ou não pagar o atrasado?  

A busca do profissional competente e especializado na área é a saída para minimizar todos os questionamentos da pequena estória contada acima. Planejar sua aposentadoria é no mínimo a garantia de ter feito a melhor opção na ocasião, é a certeza de ter feito tudo ao seu alcance para ter o melhor benefício com o menor investimento.

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Anderson Tomasi Ribeiro

Advogado

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