Porto Alegre deixará de ganhar US$ 225 milhões
Reportagem mostra o tamanho da perda para a capital
Ainda é com desapontamento e irritação que empresários gaúchos tentam dimensionar potenciais prejuízos para Porto Alegre com a perda da Copa das Confederações. Como ainda não se sabia com precisão o número de jogos e as seleções que jogariam na Capital, o balanço é um exercício de probabilidades, mas pode alcançar US$ 225 milhões (R$ 401 milhões). O valor é baseado na expectativa de que 50 mil turistas visitassem a cidade nos 15 dias da competição e gastassem ao menos US$ 200 por dia com alimentação, serviços, transporte e compras, além de US$ 100 em média com hospedagem. “O que mais incomoda não é nem o aspecto financeiro, a maior perda é de imagem, o que Porto Alegre deixa de vender para o mundo” – reclama Vilson Noer, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas da Capital. Daniel Skowronsky, presidente da Associação Riograndense de Propaganda (ARP), estima que, só no Brasil, o custo de mostrar um vídeo institucional de 30 segundos em horário nobre em uma emissora de TV de grande audiência estaria por volta de R$ 450 mil. Nas transmissões da Copa das Confederações, essa exposição sairia de graça – e para ao menos uma centena de países. Imagens da cidade-sede costumam ser mostradas no início e no fim das partidas. Skowronsky recomenda cautela no cálculo do quanto Porto Alegre ganharia com essa publicidade, mas observa: “Do ponto de vista conceitual, institucional, o Estado e a cidade perdem visibilidade sem abrigar os jogos da Copa das Confederações. É uma pena que não tenhamos conseguido. No momento em que se conhece uma cidade, como para produtos, serviços ou marcas, passa-se no mínimo a considerar, entra em critério de escolha de destino. Não enxergando a cidade, nem se considera.” O presidente do Sebrae-RS, Vitor Koch, acrescenta que entidades já estavam investindo pesado em preparativos para a Copa das Confederações. O Sebrae havia aplicado R$ 250 mil em dois eventos com participação de palestrantes da África do Sul, para ensinar o que o país viveu antes, durante e depois da Copa do Mundo de 2010. “Está na hora de parar de fazer as coisas em cima da hora. Precisamos amadurecer e ter serenidade para planejar e pensar estrategicamente em 201” comenta Koch. Presidente do Sindicato da Hotelaria e Gastronomia de Porto Alegre, José de Jesus Santos lembra que desde 2007 a entidade intensificou o trabalho de treinamento de pessoal para os dois eventos: a Copa das Confederações e a do Mundo, a ponto de ficar aberta para cursos das 8h às 22h. “A Copa das Confederações seria um teste muito importante para Porto Alegre. Ter ficado de fora foi um baque econômico e também na autoestima empresarial e da comunidade. Precisamos habilitar melhor nossa cidade” reforça Santos.
(Texto de Marta Sfredo – ZH de 23/10/2011)
O PREJUÍZO POTENCIAL |
Projeção baseada na expectativa de circulação extra de 50 mil pessoas durante 15 dias em Porto Alegre, na Copa das Confederações, com gastos diários de US$ 200 em alimentação, serviços, transportes e compras mais US$ 100 em hotelaria e projeção de 17 mil leitos em 2013. |
ESTIMATIVA TOTAL |
US$ 225 milhões |
R$ 401 milhões |
COM GASTOS EM ALIMENTAÇÃO, SERVIÇOS, TRANSPORTES E COMPRAS |
US$ 150 milhões |
R$ 267 milhões |
COM HOTELARIA |
US$ 75 milhões |
R$ 134 milhões |
PIB DE PORTO ALEGRE |
R$ 44,39 bilhões* |
O valor corresponde a 0,9% do PIB de Porto Alegre, que é de R$ 44,39 bilhões* |
*Dado do estudo da Ernst & Young sobre Copa do Mundo |
Fonte: Fontes: CDL, SindPoa, Sebrae |